Este é o post #6 da série sobre Investimentos em Renda Fixa do Portal Multixplique.

Vamos falar de um investimento relativamente novo no mercado (começou a ser emitido a partir de 2015) e que para variar, possui uma sigla que só faz deixar as opções para os potenciais investidores, pessoas físicas comuns, mais confusas.

Estamos falando do COE – Certificado e Operações Estruturadas. Na verdade, esse investimento tem elementos de Renda Fixa e Renda Variável, como vamos explicar a partir de agora.

E, justamente por ser um “misto” de renda fixa e renda variável que o COE ainda é um tipo de investimento confuso para muitas pessoas.

O COE se trata de um título emitido por bancos e, uma vez emitido, pode ser comercializado por corretoras de valores (CTVM) e distribuidoras de valores (DTVM), e, como veremos adiante, é mais indicado para investidores com um perfil mais arrojado.

A finalidade do COE para a instituição financeira que emite o título é a captação de recursos.

Basicamente, o investidor ao comprar um COE está fazendo uma aposta, com uma “pitada” de risco atrelado em ações, mas sempre vinculado a um índice de inflação, mas também pode ser o IBOVESPA, o IBr-X 50, o câmbio, a taxa de juros. Enfim, qualquer ativo que possui um valor variável. O COE portanto pode ter em sua composição uma parte referenciada por um índice de renda fixa e outra componente em renda variável, diminuindo um pouco a exposição do investidor.

O COE é um produto que é “bastante livre”, ou seja, pode ser construído conforme a estratégia que o banco emissor monte para superar ganhos no mercado.

Em um COE, são expostas algumas regras baseadas em cenários. Ao fnal, o mesmo pode ou não ter uma boa rentabilidade. Não há garantia de ganhos.

Por exemplo, há um mix de algumas ações (X, Y e Z) que o banco monta e estipula que em um determinado prazo podem ter um comportamento, por exemplo de alta de 10% 12% e 14% respectivamente em 6 meses, 18%, 20% e 21 % em 12 meses.

Ao final de cada prazo, se todas os ativos que compuserem o COE tiverem atingido tais níveis, há uma regra para retorno do investidor, também divulgada a priori. Por exemplo, o investido pode ter de retorno 105% do CDI + 95% da rentabilidade auferida pelo mix.

Pode haver alguns níveis de verificação e em cada um deles, o percentual de retorno seja diferente. Portanto, cada COE terá sua particularidade, que obrigatoriamente é informado de forma detalhada ao cliente que inclusive declara ter conhecimento de todo o prospecto, das regras e assina digitalmente a sua concordância com a operação.

E como então funciona o COE?

Na prática, você estará fazendo uma aposta. Ela se dará através de um limite de variação de um índice indexador. Caso a variação do índice se comporte nos limites máximo e mínimo descritos no COE, você terá lucro. Porém, se o resultado final não estiver dentro do intervalo, ou seja, para menos ou para mais), você não terá lucro ou poderá perder parte do valor investido, a depender do tipo de COE contratado.

Que tipos de COE podem ser contratados?

Investimento com Valor Nominal Protegido (VNP) – Aquele que ao final do prazo, o valor nominal é minimamente o valor investido, com possibilidades de ganhos. Nesse caso, não há perda nominal para o investidor. Trata-se uma ótima opção para quem tem medo de perder dinheiro.

Investimento com Valor Nominal em Risco (VNR) – Aquele que ao final do prazo, o valor nominal devolvido pode ser inferior ou limitado ao valor investido, conforme descrito no documento. Nesse caso, poderá haver perda para o investidor, mesmo que esta seja nominal, ou seja, o valor devolvido pode até ser o inicial, mas a inflação terá corroído parte do mesmo. Vale lembrar que por oferecer riscos de perdas, os percentuais de ganhos oferecidos aos investidores costumam ser maiores.

Em outras palavras, existem ganhos limitados para o cliente, podendo haver também perdas limitadas, que são conhecidos desde o princípio. Se trata de uma forma de investir em renda variável com um certo nível de redução de risco de perdas assumido.

Parâmetros como prazo do investimento, valor mínimo de aporte, indexadores, cenários de ganhos e perdas, são definidos pelos bancos no (DIE – Documento de Informações Essenciais) para diferentes tipos de perfis de investidores.

E a tributação?

O COE é tributado como renda fixa, ou seja, conforme a tabela regressiva, aplicável sobre o ganho de capital.

Você que está acompanhando esta série já viu em nossos posts anteriores a tabela a seguir:

De 0 a 180 dias – Alíquota de Imposto de Renda = 22,5%

De 181 dias a 360 dias – Alíquota de Imposto de Renda =20%

De 360 dias a 720 dias – Alíquota de Imposto de Renda = 17,5%

A partir de 721 dias – Alíquota de Imposto de Renda = 15%

Outras características:

  • O investimento mínimo do COE pode ser baixo, por exemplo, a partir de R$ 1.500,00.
  • Desvantagem: não tem liquidez diária
    • Caso o investidor deseje resgatar antes do prazo, ele terá prejuízo, pois será obrigado a receber o dinheiro antecipadamente com um determinado deságio.
  • Outra desvantagem é que não possui garantia do FGC – Fundo Garantidor de Crédito
  • Uma vantagem é que normalmente as corretoras não costumam cobrar taxas de administração/corretagem.
  • Outra vantagem é que um COE pode ter papéis internacionais, em que você estará investindo sem precisar abrir uma conta no exterior.

Para finalizar, pode-se dizer que para investir em COE é preciso fazer uma análise de custo de oportunidade, ou seja, quais as chances de lucrar mais em outro investimento de renda fixa no mesmo prazo do investimento no COE. Ao final do prazo, o investidor é obrigado a resgatar o valor, o que não aconteceria se por exemplo ele investisse nos ativos de renda variável que o compusessem, podendo aguardar um pouco mais a valorização desses papéis e assim não “realizar prejuízo”.

Por outro lado, momentos como os de 2020, com a acentuada queda de juros, investimentos em COE podem se mostrar vantajosos em comparação à queda das rentabilidades dos produtos de renda fixa…

Não perca o próximo post desta série. Ainda temos muito a informar por aqui sobre investimentos em renda fixa!

#multixplique

Deixe um comentário