Esta é a 4ª parte da série de publicações onde analisamos diversas questões relevantes quanto a trocar de plano de previdência. Estamos mostrando o que deve ser considerado antes de tomar essa decisão, para que não haja decepções e arrependimentos. Se você não leu as partes anteriores, sugerimos começar do início. A Parte I você acessa clicando aqui. Cada publicação ao final já tem um link para a próxima.

O que fazer?

Primeiramente, se você chegou até aqui já sabe que a rentabilidade passada do plano não diz muita coisa, assim como a rentabilidade futura projetada ou esperada. O mesmo vale para as taxas de carregamento e adminisração.

Um exemplo do que falamos acima são os Planos Tradicionais (ah… que saudade daqueles tempos). Alguns planos garantem taxa de juros = 6% ao ano + IGP-M + 75% de Excedente Financeiro. Só que, por outro lado, cobram 9% de taxa de carregamento. Hoje, já vimos que a tendência de mercado é de zerar as taxas de carregamento! E aí, sabendo tudo que já ensinamos aqui… qual seria sua decisão se lhe fosse feita uma proposta para trocar o plano (via portabilidade) porque o seu era “muito caro”? Aceitaria?

Tenho certeza que não.

Porém, nem sempre a resposta é “não, obrigado”. Isso porque se as taxas de juros e a tábua atuarial fossem as mesmas, valeria sim, muito à pena, comparar as taxas de administração e carregamento e, por que não, a composição dos Fundos para investimentos. Encontrar gestores com menor custo e melhor desempenho são formas de maximizar o benefício no futuro, com certeza. Acaba funcionando aquela máxima “quanto mais barato, melhor”.

A intrigante diferença entre perfis de clientes

Quando se estuda os mercados de previdência privada, vemos primeiro uma clara divisão: Entidades Abertas x Entidades Fechadas

E, curiosamente, os seus públicos parecem ter pensamentos completamente diferentes. Isso porque o público que recorre às Abertas com seus planos PGBL e VGBL, na sua esmagadora maioria (estamos falando de quase 90% deles), vê a previdência como um investimento de longo prazo em que o resgate é o maior objetivo no futuro. Já nas Fechadas, o pensamento inicial é acumular o máximo possível para enfim converter o saldo em renda.

São duas realidades diferentes, são perfis de clientes diferentes. Portanto, podemos entender que “o que vale para um pode não valer para o outro”.

Talvez por conta do receio de vir a morrer cedo e não deixar pensão (o saldo restante fica para a seguradora se não for contratada a pensão), pois cada plano tem uma regra diferente: uns tem pecúlio, outros não. Então, mutos deles resolvem sacar integralmente o valor acumulado, que pode ser à vista ou mesmo parcelado. Para eles, tanto faz a tábua atuarial ou a taxa de juros adotada no plano. Não vão usufruir de nenhuma renda de aposentadoria. Para outros, quando fazem simulações da renda, decepcionam-se com o valor do benefício e entendem que tal saldo pode ser melhor aproveitado se estiver nas mãos deles, com outros investimentos, o que sinceramente faz todo sentido, se observarmos a maioria das condições vigentes nos planos vendidos hoje em dia. E os bancos pouco fazem para tentar impedir que resgatem. Essa que é a verdade. No máximo, sugerem fundos de investimentos, do próprio banco, para poderem manter o cliente, mas dessa vez em outro tipo de produto.

Já os participantes das Fechadas, que contratam planos CDs e CVs atualmente, o foco está mesmo numa renda de aposentadoria, sendo o número de participantes que opta pelo resgate bem inferior, geralmente nos casos em que o empregado perde o vínculo empregatício com sua empresa e decide sacar tanto sua parte como também uma parte do que a empresa contribui para ele. Quando o desligamento ocorre em uma época que ele pode se aposentar, a tendência é solicitar o benefício. As próprias fundações prestam esse tipo de recomendação, numa visão maior de preocupação com o futuro do seu participante, numa estratégia de educação financeira e previdenciária.

Com a queda das taxas de juros reais, acumular um saldo elevado está cada vez mais difícil e consequentemente, ter um benefício que sustente durante toda a vida fica mais difícil. As soluções passam por algumas opções:

  • Investir em ativos com maior risco;
  • Aumentar as contribuições;
  • Torcer para não viver muito (ninguém deseja isso!!!)

Considerando apenas as primeiras duas opções, a grande variedade de opções de diversificação de investimentos pode sim trazer melhores resultados. Porém, não vamos esquecer que para prazos menores, é desaconselhável correr riscos em excesso. Os planos de previdência oferecem diversas opções de investimentos, tanto Abertas quanto Fechadas, incluindo os perfis de investimentos conservador, moderado, agressivo e até o “ciclo de vida”, que reduz a exposição ao risco à medida que se aproxima a data de aposentadoria.

Já aumentar contribuições, por mais que seja uma solução alternativa, nem sempre é possível aumentar ao nível que o investimento exige. Por isso, a recomendação é sempre começar o quanto antes a previdência privada.

Como acompanhar os rendimentos? E como saber se o Fundo está indo bem em relação ao mercado?

É muito importante acompanhar o desempenho do fundo e para isso existem ferramentas úteis que ajudam. No caso das Fechadas, há como fazer um comparativo com o mercado dos Fundos de Pensão através do site da Abrapp. Basta fazer o download do Consolidado Estatístico e observar as rentabilidades de todas as Entidades, bem como os percentuais de alocação em renda variável, imóveis, renda fixa, investimentos no exterior, etc. Além disso, existe uma lista com mais de 250 Entidades, as quais pode-se buscar no site que desejar, apurar a demonstração da rentabilidade obtida no período que se quer comparar. Também há uma lista dos maiores planos e das maiores entidades. Ou seja, um guia para não começar a procurar às cegas.

Já para as Abertas, a Susep disponibilizar em seu site um comparativo de desempenho de fundos chamado “Performance de Fundos Previdenciários”. Com esse quadro, pode-se fazer consulta dos melhores desempenhos, por Entidade ou até mesmo consultar um Fundo específico, para 12, 18 e 24 últimos meses.

Alguns dados ficam facilmente disponíveis, como por exemplo pode-se ver os fundos que renderam abaixo do CDI (pode ser um sinal de taxas de administração elevadas e por isso é bom ficar atento) e IBOV.

Investidor: O Protagonista

Se não partir do investidor a iniciativa de comparar esses fundos, é muito provável que o banco não venha a propor nada ao seu cliente para mudar, afinal, as taxas de administração mais elevadas trazem mais lucro. Ser protagonista, comparar Fundos, pesquisar opções é a grande saída para fazer bons negócios. E com todas as ferramentas que ensinamos até aqui, fica muito mais fácil otimizar a aposentadoria!

No próximo post, a Parte V que você acessa clicando aqui vamos encerrar esta série. Vamos abordar:

  1. Vendas incompatíveis com o perfil de quem contrata o plano
  2. O que se espera para o futuro com a chegada de concorrentes
  3. Tendências de maior diversificação de investimentos

E se você estiver pensando em mudar de plano, podemos sim te ajudar a encontrar um plano bem adequado para suas necessidades!

Nos vemos em breve!

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