A intuição, que também é conhecida como pressentimento, percepção, palpite ou qualquer outra definição similar tem por definição a capacidade de prever, de imaginar (por que não adivinhar?) um evento futuro. Pelo fato de não envolver raciocínio, nem sempre a tomada de decisão baseada em intuição dá certo.

Você está lendo a 4ª parte da série : Decisões Financeiras Equivocadas. Caso tenha interesse em ler a série desde a primeira parte, você consegue acessar ao clicar nesse link aqui.

Se estamos falando de decisões financeiras, considere a intuição apenas como um “fator sorte”. E, justamente por não passar disso, opte pelo raciocínio lógico, que possa ser justificado, preferencialmente por “A + B”.

Infelizmente, a falta de informação e o desinteresse em buscar conhecimento tem tornado decisões financeiras dos indivíduos uma grande decepção com o passar de alguns anos.

Permita-me abordar este tema no contexto da previdência privada.

Imagine uma pessoa que por volta dos seus 40 anos, com um salário mensal de R$ 12.000,00 decida finalmente fazer um plano de previdência. Embora seja um momento já um pouco tarde, que exigirá sacrifícios a partir de então, nesse momento, a sensação é de alívio. É o famoso “antes tarde do que nunca”. De um jeito ou de outro, sabe-se lá o motivo, pelo menos começou a realizar um grande e importante sonho: a aposentadoria vai finalmente sair do papel.

E, para começar essa caminhada, ficou definido um valor de contribuição mensal, provavelmente baseado em simulações feitas sem o conhecimento das premissas utilizadas ou, por indicação de um gerente de banco, muito mais interessado em vender seu produto do que verdadeiramente ajudar aquela pessoa no seu planejamento. Nesse caso, a pessoa vai ter que contar mais com a FÉ.

Na verdade, esse trabalho de orientação é realizado por um Planejador Financeiro, um verdadeiro coach em finanças, um consultor especializado, como este que escreve este texto 🙂

Essa sensação de alívio é o pior dos sentimentos. Eu explico: se nesse momento a pessoa tivesse ao menos “desconfiado” da simulação, ou mesmo, se ela buscasse fazer uma análise bem simplificada do valor que ela está começando a contribuir (usando até mesmo sua intuição ou bom senso), já poderia ao menos perceber que seu planejamento não teria começado de forma correta.

Exemplo

No caso, imagine uma contribuição mensal de R$ 700,00 equivalente a 5,83% de seu salário. Seu planejamento é fazer contribuições fixas mensais neste valor por 25 anos. Considerando uma aplicação conservadora, vamos supor uma rentabilidade constante de 4% acima da inflação por todo o período. Considere ainda que o benefício será pago pelos mesmos 25 anos (até os 90 anos de idade). O saldo projetado seria de aproximadamente R$ 356.000,00

Porém, qual será a real necessidade de renda na aposentadoria? Supondo que fossem os mesmos R$ 12 mil, a valores de hoje, e supondo ainda a aposentadoria do INSS no valor de R$ 4.500,00, será que os R$ 7.500,00 adicionais viriam desse valor acumulado? A resposta é NÃO. Na verdade o valor não seria nem perto (R$1.866,09), ou seja, nem 50% do valor necessário.

Sabemos que em finanças, o poder dos juros compostos transformam os valores dos saldos. Porém, para tanto, é preciso a combinação de dois fatores importantes: a taxa de juros e o prazo.

No caso, embora não fosse a maneira correta de fazer esse cálculo, a pessoa tivesse pensado assim:

“Será que 25 anos contribuindo R$ 700,00 vão me assegurar R$ 7.500,00 por mais 25 anos?”

Esse pensamento bem simplista mostraria que cada contribuição teria que ser multiplicada por mais de 10 vezes.

E se os juros fossem maiores?

Sim, os juros poderiam contribuir para atingir esse alvo de benefício, porém, eles teriam que ser equivalentes a 13,2% ACIMA da inflação. OU seja, mais que 3 vezes o valor estimado na hora da adesão ao plano.

Entendeu por qual motivo fica tão “fácil” vender uma previdência privada para quem é leigo?

Bastava um pouco de bom senso para ver que aquilo que a gente deseja não quer dizer que será atingido “magicamente”.

Só que esta situação não é exclusiva de pessoas que compram planos de previdência individuais.

Nos planos corporativos, oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores, em que ela geralmente deposita o mesmo que o colaborador até determinado valor estipulado por ela, a situação é ainda mais preocupante. O fato da empresa “dividir” a conta ao meio faz o indivíduo pensar que sua vida no futuro está assegurada, afinal “a empresa deposita mensamente 100% do valor que ele deposita”.

O que passar totalmente despercebido é que muitas das vezes, o valor da contribuição é baixíssimo, como por exemplo, 2 a 4% do salário do empregado.

Infelizmente, essa tranquilidade aparente mascara completamente uma realidade que só se revela muitos anos depois, quando o indivíduo começa a pensar em se aposentar. Ele começa a se interessar um pouco mais por seu plano de previdência, vê os números das simulações e acaba se frustrando. Em muitas das vezes, o sentimento é de que foi enganado.

E qual a solução para este caso?

EDUCAÇÃO FINANCEIRA & PREVIDENCIÁRIA

Quando se busca educação financeira, aprende-se que o processo adequado de construção de uma aposentadoria deve ser acompanhado de forma periódica, e, naturalmente sendo revisto conforme as mudanças na carreira profissional.

Sim, mudanças na carreira. Isso porque aquele analista I que ingressou aos 25 anos no plano pode ter se transformado, 30 anos depois em um Superintendente ou Diretor e seu plano de previdência, dentro ou fora da empresa, precisa ser capaz de atender suas necessidades.

Dentre as alternativas possíveis estão:

  • O indivíduo eleva suas contribuições para tentar acompanhar seu novo padrão salarial;
  • “Segura a onda” no seu padrão de vida, economiza e investe seus recursos que sobram para poder desfrutar no futuro de uma vida sossegada financeiramente.
  • Aceita a redução do seu padrão de vida na aposentadoria

O que não pode acontecer é estar despreparado para a aposentadoria.

E você? Como tem feito a gestão do seu planejamento?

Se precisar de algum suporte, já sabe a quem recorrer.

E, se quiser ler a 5ª publicação sobre o tema “Decisões Financeiras Equivocadas”, basta clicar aqui

#multixplique

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